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Sentia.

Sentia frio. Apesar das roupas quentes, do edredom grosso e do clima agradável lá fora, quase quente, sentia muito frio. Tremeu até a janela e conseguiu fechá-la; sentiu ainda mais frio, como se um olhar coincidente às estrelas fosse a única coisa que ainda pudesse aquecê-lo. Não queria mais ver as estrelas. Não queria mais nada que o fizesse pensar, ou sonhar, queria dormir. Rolou mais uma vez na cama, ocupando parte do lado que costumava ser dela. O travesseiro ainda tinha a marca de sua cabeça, um fio de cabelo solto durante uma das últimas noites que havia dormido ali. Aproximou-se, percebeu que ainda podia sentir o cheiro. Sabia que não devia, mas não tinha forças para impedir tais vontades, acabava sempre fazendo o que sabia que machucaria. Inspirou. Pôde sentir vestígios do perfume que o fazia tão bem; o ar, no entanto, era frio, e o fazia sentir mais frio, correndo por seu sangue fervente e o fazendo tremer, sentir dor. Esticou um pouco mais o pescoço, respirou fundo, já não sentia mais quase nada. Suas pernas não mais se moviam, seus dedos crisparam. Já com a boca seca, respirou fundo mais uma vez, usando a pouca energia que ainda tinha. Sentiu os pulmões congelarem. Morreu de frieza.


 — Tyler Bazz

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