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Desistindo de todos os sorrisos e deixando de lado o pouco de fé e esperança que restavam. Acho que é o meu fim — acabei com tudo o que restava só pelo simples prazer de assistir ao meu fim — é intencional, entende? Ver-te passando pelas ruas, enquanto trago o cigarro manchado de batom, deixado no cinzeiro na sua saída ligeira… É intencional essa saudade impregnada que nem perfume, essa vontade de fugir de você só pra te encontrar mais um pouco. Desistindo de uma sensatez pela metade que só vale engolir se vier inteira. Desistindo de sonhos outrora vividos. Desistindo de você para ter um pouco mais de mim. Ou não. Desistir de você é como esquecer-me num beco desses qualquer, em meio a cinzas resquícias dos cigarros que fumara sobre o meu corpo nu, dia após dia. Desistir é esquecer? Esquecer-me da tua respiração ofegante. Esquecer-me das tuas tatuagens em lugares impróprios para outros. Esquecer-me do teu cheiro doce feito aroma da manha. Esquecer-me de ti. Esquecer-te em mim.

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